terça-feira, 10 de maio de 2011

The King

 

BoMarley


Jamaicano, rasta, herbsman, semideus, gênio musical, excelente compositor, visionário, mulherengo, bom de cama e de briga, companheiro, vidente... Bob Marley foi a própria razão do reggae ter se popularizado pelo mundo inteiro. O gênio nasceu em 6 de fevereiro de 1945, em St. Ann (distrito de Nine Miles, interior da Jamaica), fruto de um fugaz romance entre a jamaicana Cedella Booker e o oficial inglês Norwall Marley. Foi criado pelos avos e aos seis anos de idade recebeu o dom da clarividência: por alguns trocados, lia mãos nas feiras da vizinhança. Nessa época ele aprendeu sua primeira canção, um lamento de feirantes para as mulheres que enrolavam muito na hora de comprar as frutas e legumes que iriam levar para casa. Ainda adolescente, mudou-se para Trenchtown, favela de lata nos arredores de Kingston. Ali, entre guitarras imaginarias e com um pé na bandidagem, montou os Wailing Wailers (depois apenas Wailers). Eram Bob, seu meio-irmão Bunny Livingstone, Beverly Kelso, Junior Braithwaite e Peter Tosh. Os Wailers tiveram a mesma trajetória de vários grupos vocais da época: gravaram singles com Leslie Kong, passaram um tempo sob as bênçãos de Coxsone Dodd no Studio One (nessa fase lançaram uma versão magistral de And I Love Her, dos Beatles), sem obter o devido reconhecimento. Bob Marley foi morar com a mãe nos EUA (em Wilmington, Delaware), onde trabalhou como operário. Antes de embarcar, porem, casou-se com Rita Anderson, vocalista das Soulettes. O exílio americano durou sete meses.

De volta a Jamaica, Bob encontrou os amigos enfronhados na filosofia rastafari, que pregava a volta dos negros para a África e ensinava que o imperador etíope haile Selassie era a encarnação de Jesus Cristo. Os Wailers também tinham outra proposta sonora. Ao trabalhar com o produtor Lee Perry, descobriram o poder hipnótico do baixo e na bateria na figura dos irmãos Aston Family Man e Carlton Barret. De trio vocal que fazia ska e rock steady, os Wailers viraram um autentico grupo de reggae. A formação da época era: Bob Marley (guitarra, vocais), Peter Tosh (guitarra, vocais) e Bunny Wailer (percussão e vocais). O grupo então surrupiou a seção rítmica de Perry e, acrescido do tecladista Earl Wire Lindo, foi fazer historia. Assinou contrato com o selo Island, de Chris Blackwell, e lançou Catch A Fire, marco na historia da musica jamaicana. O ano de 1973 nem tinha acabado quando essa turma mandou Burnin para as lojas. A essa altura, o grupo havia sido rebatizado de Bob Marley & The Wailers. Ao ouvir Burnin, Eric Clapton se encantou com I Shot The Sheriff e decidiu e o tecladista Bernard Touter Harvey. Essa formação invadiu e conquistou o Rainbow Theatre, em Londres. O resultado repousa belo e lampeiro no álbum Live!, gravado no Lyceum Theatre. Bob Marley passou a ser o primeiro (e ate hoje único) superstar originário do Terceiro Mundo. Ganhou uma mansão na zona nobre de Kingston e capas das principais revistas do planeta. Em 1976, porem, sofreu um atentado em sua própria casa: pistoleiros de aluguel atingiram o cantor, o empresário Don Taylor e Rita Marley. Bob se mandou para a Inglaterra a tempo de abençoar o então nascente movimento punk. La, homenageou bandas como Sex Pistols e The Clash na canção Punk Reggae Party. Foi nessa época que o guitarrista Junior Marvin entrou para os Wailers. Marvin tinha participado de alguns discos de Stevie Winwood pela Island e encheu os olhos de Chris Blackwell. Hoje e o guitarrista quem esta a frente dos Wailers tocando o projeto de Marley. A tão sonhada volta para a África se realizou em 1978. Bob tocou na festa de independência do Zimbabue, que havia recém se libertado do jugo inglês. Um episódio da época da uma exata dimensão dos valores do cantor. O príncipe Charles representou a realeza britânica na cerimonia. Ao saber que Bob estava num avião ao lado do seu, mandou um representante para conversar com o rei do reggae.

O príncipe da Inglaterra faz muita questão de conhece-lo pessoalmente e pede para que o senhor vá ate o avião dele. A resposta veio de bate-pronto. Eu sou Bob Marley. Se quiser me conhecer, ele que venha ate meu avião. A África que Bob viu não o satisfez plenamente. Foi nessa época que ele se conscientizou de que Haile Selassie era um ditador e que as nações africanas ainda sofriam com milenares guerras tribais. Dessa experiência nasceu Survival (1979), o álbum mais político do rei do reggae. Bob pede a união de todos os africanos (Africa Unite), reclama dos problemas do mundo (So Much Trouble In The World) homenageia o Zimbabue (Zimbabwe) e apela para a mobilização do homem africano (Wake Up And Live). O atentado sofrido em 1976 foi exorcizado em Ambush. Uprising (1980) foi gravado muito as pressas porque Marley não tinha muito tempo. Nele esta um dos grandes clássicos do rei do reggae: A lindíssima, arrepiante Redemption Song. Bad Card foi um recado malcriado ao ex-empresário Don Taylor e Could You Be Loved foi considerada por muitos como a precursora do dancehall. Foi no Velho Mundo que ele sofreu o controverso acidente que lhe custou a vida. Acredite se quiser: Bob feriu o pé enquanto jogava futebol. O machucado infeccionou e o medico sugeriu que o cantor amputasse o dedão - proposta recusada com base nas confusas crenças rasta. A infecção jamais sarou e, segundo alguns médicos, acabou gerando um tumor que depois originaria câncer cerebral, descoberto três anos depois. Marley ainda tentou se curar através de quimioterapia, mas não obteve sucesso: morreu em 11 de maio de 1981, depois de ter espalhado pelo planeta inteiro a musica jamaicana, o orgulho negro e os valores humanitários de sua poesia...

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